Um misto de vergonha e fraqueza! Este é o sentimento de quem,
adulto, não sabe ler e tampouco escrever. Quem é ele? É um ser humano, tal qual você, tal qual nós,
porém é, pejorativamente, chamado de “analfabeto”. Possui um conhecimento
empírico do mundo e desenvolveu a sua própria capacidade de expressar-se,
demonstrando que, independentemente de não saber ler ou escrever, possui a sua subcultura individual.
As causas ou culpa pelo seu analfabetismo
perdem-se num passado longínquo, onde as dificuldades imperavam e a vida dura
exigia a mão-de-obra de quem, precocemente, teve que abandonar os bancos
escolares para bem poder garantir a sua própria sobrevivência.
Agora, já homem
feito, alfabetizar-se, mais do que uma necessidade, é um sonho. Um sonho
distante e ao mesmo tempo ao alcance de suas mãos. É como se um precipício o
separasse de seu desejo mais profundo.
O mundo culto
faz parte do seu dia-a-dia. Convive com letras e textos para onde quer que
volte seu olhar. Mas para ele são
mensagens invisíveis. Códigos ignorados.
Ler é necessário? Com certeza! Mas o ser humano tem uma grande capacidade de conviver com as adversidades e
com a resiliência. Um passo de cada vez seria o necessário para ultrapassar a
barreira entre a cegueira e a luz.
Persistência é indispensável. Força de vontade associada à ação é
imprescindível.
As crianças em
fase de alfabetização têm todo o tempo dedicado à instrução. Um adulto tem
encargos e responsabilidades às costas. A necessidade de ler e as dificuldades
para tal, equivalem-se em seu dia-a-dia.
Desistir é tão
mais fácil e muito mais atraente do que persistir, que muitos sucumbem. E a
vida segue sem o eco das letras transformadas em sons da sua própria voz.
Somente quem
convive com um analfabeto pode aquilatar a deficiência invisível que isso lhe
representa e até mensurar seu sofrimento por carregar esse negativismo consigo.
Bastante já se fez pelos analfabetos, porem
com a velocidade sucessiva dos avanços tecnológicos e modernismos atuais, pode
se afirmar que o “bastante” feito já é muito pouco, pois de acordo com
levantamento divulgado pela Unesco, o Brasil possui a oitava maior população de
adultos analfabetos do mundo. São cerca de 14 milhões de pessoas!
A propalada
inclusão deveria ter um olhar mais compromitente para com esses cidadãos,
também.
Roseli de Melo Rohr
Professora
Imagem:http://www.sispumi.com.br/fp/index.php?option=com_content&view=article&id=211:analfabetismo-emocional&catid=49:sismografo&Itemid=116