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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O ANALFABETO

          Um misto de vergonha e fraqueza! Este é o sentimento de quem, adulto, não sabe ler e tampouco escrever. Quem é ele?  É um ser humano, tal qual você, tal qual nós, porém é, pejorativamente, chamado de “analfabeto”. Possui um conhecimento empírico do mundo e desenvolveu a sua própria capacidade de expressar-se, demonstrando que, independentemente de não saber ler ou escrever, possui a sua subcultura individual.   
         As causas ou culpa pelo seu analfabetismo perdem-se num passado longínquo, onde as dificuldades imperavam e a vida dura exigia a mão-de-obra de quem, precocemente, teve que abandonar os bancos escolares para bem poder garantir a sua própria sobrevivência.
        Agora, já homem feito, alfabetizar-se, mais do que uma necessidade, é um sonho. Um sonho distante e ao mesmo tempo ao alcance de suas mãos. É como se um precipício o separasse   de seu desejo mais profundo.
        O mundo culto faz parte do seu dia-a-dia. Convive com letras e textos para onde quer que volte seu olhar.  Mas para ele são mensagens invisíveis.  Códigos ignorados. Ler é necessário? Com certeza! Mas o ser humano tem uma grande   capacidade de conviver com as adversidades e com a resiliência. Um passo de cada vez seria o necessário para ultrapassar a barreira entre a cegueira e a luz.  Persistência é indispensável. Força de vontade associada à ação é imprescindível.
         As crianças em fase de alfabetização têm todo o tempo dedicado à instrução. Um adulto tem encargos e responsabilidades às costas. A necessidade de ler e as dificuldades para tal, equivalem-se em seu dia-a-dia.
        Desistir é tão mais fácil e muito mais atraente do que persistir, que muitos sucumbem. E a vida segue sem o eco das letras transformadas em sons da sua própria voz.
        Somente quem convive com um analfabeto pode aquilatar a deficiência invisível que isso lhe representa e até mensurar seu sofrimento por carregar esse negativismo consigo.
        Bastante já se fez pelos analfabetos, porem com a velocidade sucessiva dos avanços tecnológicos e modernismos atuais, pode se afirmar que o “bastante” feito já é muito pouco, pois de acordo com levantamento divulgado pela Unesco, o Brasil possui a oitava maior população de adultos analfabetos do mundo. São cerca de 14 milhões de pessoas!  
        A propalada inclusão deveria ter um olhar mais compromitente para com esses cidadãos, também.
                                                                             Roseli de Melo Rohr
                                                                                      Professora
Imagem:http://www.sispumi.com.br/fp/index.php?option=com_content&view=article&id=211:analfabetismo-emocional&catid=49:sismografo&Itemid=116