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sábado, 28 de junho de 2014

Na batalha contra o mal

Estamos vivendo dias complicados, recheados de pontos de interrogação. Corrupção, injustiça, impunidade, falta de ética e por aí vai.  Não podemos fechar os olhos, tapar os ouvidos ou nos escondermos debaixo da cama e esperar a tormenta passar. E a tormenta é passageira? Não creio que seja, a não ser que criemos vergonha na cara. E estamos esperando por quem?
        Ah... Quem sabe alguém escreva uma música como forma de protesto contra o sistema...
      Ah... Vamos fazer uma passeata pra demonstrar nosso descontentamento...
      Ah... Vamos pintar a cara e protestar contra a corrupção...
      Ah... Vamos fazer abaixo assinados pra fazer valer nossos direitos....
      Ah... Vamos nos unir para vencer os bandidos de colarinho branco e os demais....
      Que nada... Passou o tempo em que os artistas escreviam letras de músicas pra manifestar contrariedades... Hoje só se criam refrões com sílabas desconexas...
      Que nada... Passeata não adiantaria de nada....
      Que nada... Cara pintada já foi!!! Não adiantaria. Aquilo foi só contra o Collor!
      Que nada... Abaixo assinado não resolve. Eles ainda ficam rindo da nossa cara e não fazem conta.
      Que nada... Não tem como o povo se unir. Eu é que não vou colocar minha cara a tapa!
      E assim vamos vivendo....
      "Pra o triunfo do mal, basta que os bons não façam nada."
      Todos nós temos culpa nessa situação. Aliás, quem foi que reelegeu todo mundo nas últimas eleições?
      Por que não protestamos contra a não fiscalização das leis que regem a segurança pública? Elas existem,  não tomaram conhecimento delas depois da tragédia da Boate Kiss?
      Por que não cobramos dos políticos um trabalho em prol do povo e não de seus bolsos/cuecas/meias recheados do nosso dinheiro?
      Por que a população se une pra reformar uma escola e não se une pra fiscalizar a aplicação dos recursos advindos de nossos impostos? Caros impostos por sinal.
      Quem sou eu? O que estou fazendo? Estamos todos com a cabeça enfiada na areia? E ainda pra completar/sufocar ainda mais.... sou professora! Que carga... Como tratar  sobre ética, valores, o que é certo ou errado diante de tanta inversão de valores que vemos e ouvimos todos os dias? Repudio a expressão que muitos fazem dela sua oração: "Professor, você tem em suas mãos o poder de transformar o mundo." Quem? Eu? Uau.... me ensinem como se faz isso porque pelo que vejo não estamos conseguindo. "A educação sozinha não transforma a sociedade.” Não interessa a ninguém uma educação libertadora. Não interessa aos políticos que o povo consiga pensar, por isso
a educação não tem autonomia nem tampouco tanto poder assim. Como lutar contra “bolsas”, Big Brother, Baraberê, Tchu-tcha-tcha, Lellek lek, etc, noticiários regrados pelos desmandos politiqueiros e totalmente parciais, lixos nas programações televisivas. Haja poder hein colegas... Como educar para a honradez, respeito ao ser humano diante do quadro real que se estende à nossa frente? É contra isso que estamos lutando. E os heróis estão perdendo a batalha. Mas, como sou brasileira, gosto muito da expressão gauchesca: “Não tá morto quem peleia”.

Roseli de Melo Rohr

Pedagoga

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Minha experiência como alfabetizadora

Falar em alfabetização não é algo fácil, pois alfabetizar é ainda a tarefa mais difícil feita pela escola e é nela que  grande parte da população aprende a ler e escrever. Sou educadora, cursei Pedagogia por opção e já fazem onze anos que atuo na área da educação. A sala dos professores é um local ímpar, onde de tudo acontece, bate-papo, desabafos, enfim, nossa vida pessoal é compartilhada ali. Sempre me chamou a atenção  as conversas das alfabetizadoras. Eu via e sentia a emoção com que elas relatavam umas às outras suas experiências,  principalmente o momento em que algum  aluno tinha o famoso “insigth”  e sempre me imaginava nessa situação. Dar aulas para séries mais avançadas é bom, mas não havia toda essa emoção. Porém nunca me senti encorajada a assumir uma turma de alfabetização. Até que no ano passado, por ocasião de minha  (feliz) mudança para uma nova cidade
, tive que assumir uma turma de primeiro ano. Não procurei, ela simplesmente me foi apresentada.
 Era mês de abril, a turma já tinha uma certa caminhada. O medo, a insegurança e tudo mais me dominaram. Mas,  como nas horas de maior sufoco a gente consegue as melhores forças e as melhores intuições, fui atrás, revi o que já sabia sobre os níveis da alfabetização e psicogênese da escrita, pesquisei, cata dali e cata daqui, toda aula era um desafio.  Entre erros e acertos senti a emoção de alfabetizar. Percebi também o quanto é difícil o trabalho com alfabetização, pois muitas vezes não temos a colaboração dos pais, falta atendimento especializado para alunos que apresentam dificuldades, dentre outros entraves. Mas também senti o quanto é gratificante, de como eu me sinto feliz a cada avanço de um aluno.
Mas ainda me faltava muito para realmente ter a certeza de que estava no caminho certo. Sentia que precisava me aprimorar. Surgiu, então, no ano passado, um curso de poucos dias, para todas as alfabetizadoras do município.  Ajudou-me bastante, pois  troquei experiências com colegas, ouvi relatos e me inteirei mais sobre o universo alfabetizador.   Percebi que estava no caminho certo, mas muito havia ainda a ser aprendido, quão crua me encontrava. Sempre tive muitos pontos de interrogação: trabalhar mais a ludicidade, trabalhar mais com jogos, será que estou no caminho certo, será que estou oportunizando a criatividade ao aluno, enfim... cresceram as minhas dúvidas e inquietações.
Aí então surgiu o PNAIC. Pensei: é agora que vou aprender  de vez a alfabetizar, aprenderei a fazer tudo certinho. Logo no início deste ano começaram os encontros. Vem um, vem  outro,  mais outro e cadê a receita? E os passos?  Qual  metodologia usar?  Porém, nas conversas com as colegas e com a coordenadora da turma, associadas aos materiais recebidos pelo MEC, fui percebendo que o conhecimento é importante. Atualizar-se sempre é fundamental, pois  cada é dia uma batalha, uma alegria nova,  uma surpresa, pois o sorriso de satisfação do aluno é um prêmio que se recebe.
       Além de tudo isso, fui aprendendo que não basta alfabetizar. É preciso alfabetizar letrando. Sabendo-se que a escrita alfabética é um sistema notacional, ou seja, caracteres com regras e sistemas,  com propriedades que o aprendiz precisa compreender, toda ação empreendida no intuito de alfabetizar, precisa ser  significativa para o aluno. Sendo que este, necessita sentir-se  envolvido  nas atividades de leitura e escrita.
 Mas não há receita!  Há sim, um engajar-se, um doar-se. Alfabetizar é uma arte, não é fácil, mas é gratificante.  É um amor profundo na nobre missão de bem encaminhar o educando ao mundo letrado. Aprende-se no dia-a-dia. Como diz o poeta Antônio Machado:“Não há caminho. O caminho se faz ao caminhar.”
A vida vai nos mostrando ao longo de sua bela e sinuosa estrada,  que temos grandes desafios na nossa trajetória terrena, sejam eles no âmbito profissional ou pessoal. Cada desafio que enfrentamos,  cada luta que não nos acovardamos de enfrentar,  coloca-nos  frente a novas descobertas e novos conhecimentos. Tudo pelo qual passamos,  nos fortalece para vivermos novos momentos, travar e vencer novas batalhas que nos levarão ao  incontestável sucesso e realização pessoal. Pois vencemos, e se algo não saiu como imaginávamos, serviu de experiência,  pois é errando que acertamos. É dando o primeiro passo que aprendemos a trilhar os caminhos da vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: a aprendizagem do sistema de escrita alfabética; ano 01: unidade 03. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasilia: MEC, SEB, 2012.