Falar
em alfabetização não é algo fácil, pois alfabetizar é ainda a tarefa mais
difícil feita pela escola e é nela que grande parte da população aprende a ler e
escrever. Sou educadora, cursei Pedagogia por opção e já fazem onze anos que
atuo na área da educação. A sala dos professores é um local ímpar, onde de tudo
acontece, bate-papo, desabafos, enfim, nossa vida pessoal é compartilhada ali. Sempre
me chamou a atenção as conversas das
alfabetizadoras. Eu via e sentia a emoção com que elas relatavam umas às outras
suas experiências, principalmente o
momento em que algum aluno tinha o
famoso “insigth” e sempre me imaginava
nessa situação. Dar aulas para séries mais avançadas é bom, mas não havia toda
essa emoção. Porém nunca me senti encorajada a assumir uma turma de
alfabetização. Até que no ano passado, por ocasião de minha (feliz) mudança para uma nova cidade
, tive que
assumir uma turma de primeiro ano. Não procurei, ela simplesmente me foi
apresentada.
Era mês de abril, a turma já tinha uma certa
caminhada. O medo, a insegurança e tudo mais me dominaram. Mas, como nas horas de maior sufoco a gente
consegue as melhores forças e as melhores intuições, fui atrás, revi o que já
sabia sobre os níveis da alfabetização e psicogênese da escrita, pesquisei,
cata dali e cata daqui, toda aula era um desafio. Entre erros e acertos senti a emoção de
alfabetizar. Percebi também o quanto é difícil o trabalho com alfabetização,
pois muitas vezes não temos a colaboração dos pais, falta atendimento
especializado para alunos que apresentam dificuldades, dentre outros entraves.
Mas também senti o quanto é gratificante, de como eu me sinto feliz a cada
avanço de um aluno.
Mas
ainda me faltava muito para realmente ter a certeza de que estava no caminho
certo. Sentia que precisava me aprimorar. Surgiu, então, no ano passado, um
curso de poucos dias, para todas as alfabetizadoras do município. Ajudou-me bastante, pois troquei experiências com colegas, ouvi relatos
e me inteirei mais sobre o universo alfabetizador. Percebi
que estava no caminho certo, mas muito havia ainda a ser aprendido, quão crua
me encontrava. Sempre tive muitos pontos de interrogação: trabalhar mais a
ludicidade, trabalhar mais com jogos, será que estou no caminho certo, será que
estou oportunizando a criatividade ao aluno, enfim... cresceram as minhas
dúvidas e inquietações.
Aí
então surgiu o PNAIC. Pensei: é agora que vou aprender de vez a alfabetizar, aprenderei a fazer tudo
certinho. Logo no início deste ano começaram os encontros. Vem um, vem outro, mais outro e cadê a receita? E os passos? Qual metodologia
usar? Porém, nas conversas com as
colegas e com a coordenadora da turma, associadas aos materiais recebidos pelo
MEC, fui percebendo que o conhecimento é importante. Atualizar-se sempre é
fundamental, pois cada é dia uma
batalha, uma alegria nova, uma surpresa,
pois o sorriso de satisfação do aluno é um prêmio que se recebe.
Além de tudo isso, fui aprendendo que não
basta alfabetizar. É preciso alfabetizar
letrando. Sabendo-se que a escrita alfabética é um sistema notacional, ou
seja, caracteres com regras e sistemas,
com propriedades que o aprendiz precisa compreender, toda ação
empreendida no intuito de alfabetizar, precisa ser significativa para o aluno. Sendo que este,
necessita sentir-se envolvido nas atividades de leitura e escrita.
Mas não há receita! Há sim, um engajar-se, um doar-se. Alfabetizar
é uma arte, não é fácil, mas é gratificante. É um amor profundo na nobre missão de bem
encaminhar o educando ao mundo letrado. Aprende-se no dia-a-dia. Como diz o
poeta Antônio Machado:“Não há caminho. O caminho se faz ao caminhar.”
A
vida vai nos mostrando ao longo de sua bela e sinuosa estrada, que temos grandes desafios na nossa trajetória
terrena, sejam eles no âmbito profissional ou pessoal. Cada desafio que
enfrentamos, cada luta que não nos acovardamos
de enfrentar, coloca-nos frente a novas descobertas e novos
conhecimentos. Tudo pelo qual passamos, nos fortalece para vivermos novos momentos,
travar e vencer novas batalhas que nos levarão ao incontestável sucesso e realização pessoal.
Pois vencemos, e se algo não saiu como imaginávamos, serviu de experiência, pois é errando que acertamos. É dando o
primeiro passo que aprendemos a trilhar os caminhos da vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brasil.
Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade
certa: a aprendizagem do sistema de
escrita alfabética; ano 01: unidade 03. Ministério da Educação, Secretaria
de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasilia: MEC,
SEB, 2012.
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