Powered By Blogger

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Minha experiência como alfabetizadora

Falar em alfabetização não é algo fácil, pois alfabetizar é ainda a tarefa mais difícil feita pela escola e é nela que  grande parte da população aprende a ler e escrever. Sou educadora, cursei Pedagogia por opção e já fazem onze anos que atuo na área da educação. A sala dos professores é um local ímpar, onde de tudo acontece, bate-papo, desabafos, enfim, nossa vida pessoal é compartilhada ali. Sempre me chamou a atenção  as conversas das alfabetizadoras. Eu via e sentia a emoção com que elas relatavam umas às outras suas experiências,  principalmente o momento em que algum  aluno tinha o famoso “insigth”  e sempre me imaginava nessa situação. Dar aulas para séries mais avançadas é bom, mas não havia toda essa emoção. Porém nunca me senti encorajada a assumir uma turma de alfabetização. Até que no ano passado, por ocasião de minha  (feliz) mudança para uma nova cidade
, tive que assumir uma turma de primeiro ano. Não procurei, ela simplesmente me foi apresentada.
 Era mês de abril, a turma já tinha uma certa caminhada. O medo, a insegurança e tudo mais me dominaram. Mas,  como nas horas de maior sufoco a gente consegue as melhores forças e as melhores intuições, fui atrás, revi o que já sabia sobre os níveis da alfabetização e psicogênese da escrita, pesquisei, cata dali e cata daqui, toda aula era um desafio.  Entre erros e acertos senti a emoção de alfabetizar. Percebi também o quanto é difícil o trabalho com alfabetização, pois muitas vezes não temos a colaboração dos pais, falta atendimento especializado para alunos que apresentam dificuldades, dentre outros entraves. Mas também senti o quanto é gratificante, de como eu me sinto feliz a cada avanço de um aluno.
Mas ainda me faltava muito para realmente ter a certeza de que estava no caminho certo. Sentia que precisava me aprimorar. Surgiu, então, no ano passado, um curso de poucos dias, para todas as alfabetizadoras do município.  Ajudou-me bastante, pois  troquei experiências com colegas, ouvi relatos e me inteirei mais sobre o universo alfabetizador.   Percebi que estava no caminho certo, mas muito havia ainda a ser aprendido, quão crua me encontrava. Sempre tive muitos pontos de interrogação: trabalhar mais a ludicidade, trabalhar mais com jogos, será que estou no caminho certo, será que estou oportunizando a criatividade ao aluno, enfim... cresceram as minhas dúvidas e inquietações.
Aí então surgiu o PNAIC. Pensei: é agora que vou aprender  de vez a alfabetizar, aprenderei a fazer tudo certinho. Logo no início deste ano começaram os encontros. Vem um, vem  outro,  mais outro e cadê a receita? E os passos?  Qual  metodologia usar?  Porém, nas conversas com as colegas e com a coordenadora da turma, associadas aos materiais recebidos pelo MEC, fui percebendo que o conhecimento é importante. Atualizar-se sempre é fundamental, pois  cada é dia uma batalha, uma alegria nova,  uma surpresa, pois o sorriso de satisfação do aluno é um prêmio que se recebe.
       Além de tudo isso, fui aprendendo que não basta alfabetizar. É preciso alfabetizar letrando. Sabendo-se que a escrita alfabética é um sistema notacional, ou seja, caracteres com regras e sistemas,  com propriedades que o aprendiz precisa compreender, toda ação empreendida no intuito de alfabetizar, precisa ser  significativa para o aluno. Sendo que este, necessita sentir-se  envolvido  nas atividades de leitura e escrita.
 Mas não há receita!  Há sim, um engajar-se, um doar-se. Alfabetizar é uma arte, não é fácil, mas é gratificante.  É um amor profundo na nobre missão de bem encaminhar o educando ao mundo letrado. Aprende-se no dia-a-dia. Como diz o poeta Antônio Machado:“Não há caminho. O caminho se faz ao caminhar.”
A vida vai nos mostrando ao longo de sua bela e sinuosa estrada,  que temos grandes desafios na nossa trajetória terrena, sejam eles no âmbito profissional ou pessoal. Cada desafio que enfrentamos,  cada luta que não nos acovardamos de enfrentar,  coloca-nos  frente a novas descobertas e novos conhecimentos. Tudo pelo qual passamos,  nos fortalece para vivermos novos momentos, travar e vencer novas batalhas que nos levarão ao  incontestável sucesso e realização pessoal. Pois vencemos, e se algo não saiu como imaginávamos, serviu de experiência,  pois é errando que acertamos. É dando o primeiro passo que aprendemos a trilhar os caminhos da vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: a aprendizagem do sistema de escrita alfabética; ano 01: unidade 03. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasilia: MEC, SEB, 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário